Via Intramuscular – Volume e Locais de Aplicação

Administração de medicamentos por via intramuscular

A administração de medicamentos por via intramuscular, embora pareça ser um procedimento simples, envolve uma série de decisões, tais como:

• qual o volume máximo que pode ser injetado em determinado músculo;
• qual o tipo de medicação a ser administrada;
• qual é a técnica de administração;
• A seleção do músculo mais adequado.

Além desses fatores, devem ser avaliadas também;

• Idade;
• Constituição corpórea;
• Condições pré-existentes como distúrbios de coagulação (contraindicação devido ao risco de hematomas);
• Terapia anticoagulante (contraindicação devido ao risco de hematomas).

Leia também:

Por que realizar mudança de decúbito em paciente acamado?

O que é limpeza concorrente e limpeza terminal?

Como realizar cateterismo vesical?

Quais são os locais de aplicação?

O profissional de enfermagem deverá realizar uma escolha correta do local de aplicação de modo a prevenir danos a nervos, vasos sanguíneos ou ao próprio tecido muscular. Neste sentido, é de responsabilidade do enfermeiro supervisionar a administração de medicamentos por via intramuscular realizada por toda a sua equipe.

O músculo escolhido deve ter, no mínimo, todas as seguintes características:

• Músculo saudável;
• Músculo sem lesões ou ferimentos visíveis;
• Músculo que não tenha recebido injeções recentemente.

O local de aplicação deve ser prescrito pelo enfermeiro, pois cabe a esse profissional avaliar o melhor local a ser administrado o medicamento que foi prescrito pelo médico.

A prescrição do enfermeiro deve fazer parte do processo de sistematização da assistência, onde o enfermeiro deverá prescrever o local da punção e o modo de rodízio dos sítios de injeção.

Para a escolha do local de aplicação da Injeção intramuscular, deve-se:

• Identificar corretamente grupos de músculos por meio de identificação anatômica;
• Expor completamente o local selecionado para fins de avaliação de sinais de inflamações, processos infecciosos e lesões de pele.

Quais são os locais mais frequentes para a administração de medicamentos pela via intramuscular?

Os locais mais frequentes para a administração intramuscular são:

• Músculo vasto lateral;
• Músculo reto femoral;
• Área ventroglutea;
• Área dorsoglutea;
• Músculo deltoide.

Músculo Vasto Lateral

Localizado na região antero-lateral da coxa, trata-se da região de escolha para a administração IM em lactentes (lactentes tem uma maior massa muscular nessa área) para imunizações e em adultos saudáveis.

O músculo vasto lateral apresenta como características:

• Quantidade menor de nervos e vasos sanguíneos;
• Possibilita absorção rápida do fármaco;
• Frequentemente utilizada em bebês e crianças para imunizações

Músculo Reto Femoral

Localiza-se na parte anterior da coxa. Pode ser usado tanto para administração nas crianças quanto nos adultos.

Vantagem: Pode ser usado facilmente pelos pacientes para auto-administração de medicamentos.

Desvantagem: Sua borda medial fica bem próxima do nervo ciático e vasos sanguíneos importantes.
Caso o músculo não seja bem desenvolvido, injeções neste local causarão desconforto.

Região ventroglutea

Essa região apresenta algumas vantagens:

• Região profunda e longe da maioria dos nervos e vasos sanguíneos;
• Em pacientes com diarreia, há menor chance de contaminação;
• Região facilmente identificada por ter estar próxima a uma região óssea proeminente;
• Local ideal para administração de medicações que tem maior volume, viscosos e irritantes em bebês, crianças e adultos.

Técnica de Aplicação:

1. Coloca-se o dedo indicador sobre a crista ilíaca antero-superior;
2. Com a palma da mão sobre a cabeça do fêmur (trocanter);
3. Em seguida, deslize o dedo médio para para formar um V;
4. Aplicar a injeção no centro do V.

A região ventroglútea é área mais segura para injeção na região glútea, sendo mais recomendada como local de escolha para injeções IM, uma vez que previne a punção acidental de nervos e vasos sanguíneos.

É importante dizer que, a administração de medicamentos por via intramuscular na área dorsoglútea é contraindicada em crianças por situar-se muito próximo ao nervo ciático.

Características: Muito dolorosa devido a presença do nervo cutâneo lateral.

Indicação: Crianças maiores de 5 nos, adolescentes e adultos.

Técnica de aplicação

1. Orientar ao paciente para que coloque-se em posição de decúbito ventral, com os pés voltados para dentro – Essa posição relaxa os músculos glúteos. Caso não seja possível, coloque o paciente em posição de decúbito lateral;
2. Identificar o local desenhando uma linha imaginária que inicia-se na espinha ilíaca póstero-superior indo em direção ao trocanter maior do fêmur e, outra linha na posição horizontal seccionando o ponto médio da primeira linha;
3. Administrar a injeção no quadrante superior externo.

• Crianças menores de 5 anos – O músculo dorsolateral não é bem desenvolvido em menores de 1 ano. Menores de 2 anos é indicado o vasto lateral da coxa. A recomendação é que crianças menores de 5 anos não recebam injeções na região dorsoglutea embora algumas literaturas colocam a idade de 3 a 5 anos como limítrofe;
• Pessoas com atrofia dos músculos da região;
• Idosos com flacidez e atrofia senil;
• Adultos com grau acentuado de obesidade – Risco da injeção ser administrada na região subcutânea e não no tecido muscular;
• Pessoas com insuficiência e complicações vasculares dos MMII.

Músculo deltóide

Orientar ao paciente manter a posição sentada ou deitada;
Medir 4 dedos abaixo do ombro;
Segurar o músculo durante a introdução da agulha.

Qual o volume máximo a ser administrado em cada músculo?

O volume a ser injetado dependerá do tamanho do músculo. Músculos maiores toleram volumes maiores.

Alguns autores recomendam uma quantidade máxima em cada músculo, e mesmo assim, o profissional de enfermagem deve avaliar a tolerância em relação ao volume injetado, e não somente a capacidade muscular  conforme protocolos.

Isto porque existem os fatores que são associados ao medicamento como por exemplo, o pH da substância, oleosidade e composição e fatores ligados á nutrição do paciente. Pacientes muito magros certamente terão músculos bem menores.

Outro fator importante é, em doses que excedam 3 ml, é recomendável dividir em duas injeções. Isto porque, doses menores são melhores absorvidas ao mesmo tempo que o risco de reações adversas também são reduzidos.

Sabe-se que, em volumes altos administrados em um músculo, a medicação terá uma taxa de absorção muito menor do que aquele músculo que recebeu a mesma dose, mas dividida em duas injeções.

Qual é o volume de medicamento indicado para cada tipo de músculo?

No adulto eutrófico, o volume a ser injetado é de:

• 2 a 3 ml no deltoide;
• 4 a 5 ml no glúteo;
• 3 a 4 ml na coxa.

O procedimento envolve 3 passos:

1. Preparação – Preparo do paciente e do material;
2. Realização do procedimento propriamente dito;
3. Organização da Unidade

Passo: Preparação

1. Confira os 9 certos da enfermagem;
2. Conheça a indicação do medicamento para o paciente, sua ação e dose prescrita, efeitos adversos, tempo necessário para o início da ação;
3. Verifique se o paciente não tem alergia ao medicamento;
4. Verifique a data de validade do medicamento;
5. Avalie as características do paciente e do medicamento para verificar se a injeção IM é realmente necessária;
6. Selecione o local de aplicação bem como a sua viabilidade para a aplicação da injeção intramuscular;
7. Separe o material necessário – (Bandeja ou cuba-rim, seringa, agulha, 2 pedaços de algodão, álcool a 70%, ampola ou frasco-ampola de medicamento);
8. Providencie a higienização das mãos;
9. Providencie a preparação do medicamento – Utilize uma agulha para aspirar e outra para realizar o procedimento;
10. Garanta a privacidade do paciente – Uso de biombo; feche a porta, etc;
11. Confira novamente os 9 certos da enfermagem;
12. Explique o procedimento ao paciente.

Passo 2: Realização do procedimento

1. Posicione o paciente de acordo com o local escolhido de modo que o paciente fique com o músculo escolhido mais relaxado possível;
2. Coloque luvas de procedimento;
3. Localize o sítio de aplicação por meio dos marcos anatômicos;
4. Faça a antissepsia da pele. Utilize algodão embebido em álcool 70%, fazendo movimentos circulares em cerca de 5 a 8 cm do local da injeção, fazendo movimentos circulares, por cerca de 30 segundos.
5. Aguarde o álcool evaporar;
6. Observação: A antissepsia com álcool 70% não é realizada na aplicação de vacinas;
7. Segure o algodão (será utilizado para o curativo) entre o 3º e 4º dedos da mão não dominante;
8. Remova a capa da agulha;
9. Segure a seringa entre o polegar e o indicador da mão dominante;
10. Faça a aplicação da injeção;
11. Utilize a técnica em Z;
12. Introduza a agulha a um ângulo de 90º;
13. Aspire por cerca 5 a 10 segundos para verificar se há retorno venoso. Caso haja, retire a agulha e escolha outro sítio para aplicação;
14. Administre o medicamento numa velocidade média de 1 ml a cada 10 segundos;
15. Após administração do medicamento, aguarde cerca de 5 a 10 segundos para retirar a agulha de modo a garantir que o medicamento espalhe-se pelo compartimento muscular e não tenha um refluxo pelo local da passagem da agulha;
16. Retire rapidamente a agulha;
17. Coloque o algodão embebido em álcool no sítio de punção;
18. Comprima levemente sem massagear o local;
19. Aplique curativo adesivo, se necessário;

Passo 3: Organização da Unidade

1. Depois de realizar o procedimento, coloque o paciente em posição confortável;
2. Faça o descarte da seringa e agulha no recipiente para perfurocortantes;
3. Retire as luvas;
4. Higienize as mãos
5. Providencie a organização da unidade do paciente;
6. Cheque a prescrição médica e realize a anotação de enfermagem.

Anotação de Enfermagem

O profissional de enfermagem deverá anotar:

• Horário de administração;
• A via escolhida;
• Local administrado;
• Referência de lado (esquerdo ou direito);
• Se houve intercorrências ou não.

Exemplo:
8:00 – Administrado item 1 da prescrição médica em região dorsoglútea esquerda, quadrante superior externo, sem intercorrências ——— nome/COREN-MG.

Leia também:

5 Passos para a anotação de enfermagem perfeita!

Complicações comuns da administração por via intramuscular

A administração de medicamentos pela via intramuscular, caso não seja realizada na técnica adequada pode causar complicações como:

• Formação de nódulos;
• Abscessos;
• Necrose;
• Lesões de nervo.

Para administração de medicamentos por via intramuscular no adulto eutrófico, as agulhas mais apropriadas
são: 25 x 7, 25 x 8, 30 x 7 e 30 x 80. A posição da seringa durante a aplicação deverá ser de 90º.

Contra-indicações da via intramuscular

• Pacientes em uso de terapia anticoagulante – Formação de hematomas;
• Pacientes com distúrbios de coagulação – Formação de hematomas

Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de Auxiliares de Enfermagem: Cadernos do Aluno. Série F. 2ª ed, Brasília, 2003.

POTTER, Patricia. PERRY, Anne. Fundamentos de enfermagem. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

SMELTZER, Suzanne C; Bare, Brenda G. Brunner/Suddarth: tratado de enfermagem médico cirúrgica. 8. e 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 2v.