O que é cateterismo vesical?
O cateterismo vesical é um procedimento invasivo no qual é introduzido um cateter através da uretra com finalidade de drenagem de urina com finalidade de realizar exames ou controle da diurese.
Leia também:
- O que é limpeza concorrente e limpeza terminal?
- O que são áreas críticas, semi-críticas e não críticas?
- Qual a importância da lavagem das mãos?
- Como realizar sondagem nasogástrica?
- Como aferir os sinais vitais?
- Saiba tudo sobre úlcera de pressão!
Objetivos
O cateterismo vesical tem os seguintes objetivos:
- Controlar a incontinência urinária (discutível);
- Aliviar retenção urinária;
- Realizar avaliação do débito urinário;
- Medir volume residual;
- Promover a restrição pós-operatória (paciente que não tem possibilidade de se locomover até o banheiro);
- Coletar amostras de urina para exames;
- Irrigação da bexiga;
- Instilação de medicamentos e;
- Cirurgias urológicas.
Quais são os tipos de cateterismo vesical?
Existem três tipos de cateterismo vesical, a saber:
- Sistema Aberto – Intermitente ou alívio;
- Sistema Fechado – Sondagem vesical de demora;
- Via Suprapúbica.
Materiais necessários
Você irá precisar reunir os seguintes itens:
- Pacote de cateterismo vesical que contém: 1 cuba-redonda, 1 cuba-rim, 1 pinça cheron, gazes, 1 campo fenestrado e 1 ampola de água destilada;
- 2 Seringas de 10 ml;
- Pulvodine tópico;
- Lubrificante estéril;
- Sistema de drenagem fechado (Caso seja cateterismo vesical de demora);
- Micropore ou esparadrapo;
- 1 par de luvas estéril;
- Sonda Folley ou uretrovesical simples;
- 1 pacote de compressas;
- Biombo.
Leia mais:
Sondagem Nasogástrica! CLIQUE AQUI!
Etapas do Cateterismo
A bexiga por ser um ambiente isento de micro-organismos (estéril) e o cateterismo vesical por ser invasivo, faz-se necessário que todo o material seja esterilizado e manuseado de acordo com a técnica asséptica. O profissional de enfermagem deve se atentar para que garanta segurança, privacidade e conforto ao paciente.
Bem vamos ás etapas da técnica:
1 – Tricotomia
A primeira etapa é a tricotomia.
Deve-se retirar os pêlos da região pubiana e genital de modo que permita a adequada fixação da sonda e do pênis através de esparadrapo no abdome, se o paciente for do sexo masculino.
Se não for realizada a tricotomia, a sonda não será fixada adequadamente no abdome. O peso da sonda e do coletor irá provocar uma tração podendo resultar em estenose uretral (inflamação que causa estreitamento da uretra), fístulas e divertículos.
No paciente do sexo feminino, avaliar a necessidade da raspagem dos pêlos.
2 – Adoção de Assepsia
Calçar luvas estéreis de acordo com técnica tem a função de evitar a instalação de agentes patogênicos no organismo. É Importante que a mão que foi utilizada para tocar os genitais, não toque a sonda;
3 – Antissepsia
Deve-se utilizar a clorhexidina base de água ou iodo-polividona com a finalidade de remover sujidade e reduzir flora transitória e residente para evitar infecção. Para que haja uma adequada esterilização no homem, deve-se fazer a retração do prepúcio. Em mulheres, deve-se afastar os grandes lábios com uma gaze de cada lado, com a mão não dominante e com a mão dominante faz-se a antissepsia. Em seguida coloca-se o campo fenestrado, depois afasta-se novamente os grandes lábios para visualizar o meato urinário e a realiza-se a introdução do anestésico.
4 – Anestesia
Deve-se utilizar gel anestésico hidrossolúvel como lidocaína gel a 2% para diminuir dor e desconforto durante a realização do procedimento. No homem, orienta-se transferir 20 ml de lidocaína, e na mulher 5 ml com a seringa de 20 ml na uretra. No homem deve-se colocar uma gaze na glande, circundando todo o pênis de modo que haja o impedimento do extravasamento do anestésico.
5 – Introdução da sonda
Para realizar a passagem da sonda na uretra masculina, deve-se formar uma curvatura no pênis de modo a facilitar o procedimento e reduzir traumas. Para isso deve-se segurar a glande do pênis por meio da gaze que o circunda, e tracioná-lo levemente em direção vertical. Durante a introdução, pode haver pequena resistência ao nível do esfincter, mas desaparece quando o paciente fica mais relaxado ou após leve pressão do cateter. Para insuflar o balão (sonda foley), não utilizar a mesma seringa que foi utilizada para anestesiar e de preferência utilizar água destilada (soro fisiológico pode cristalizar podendo causar traumatismo durante a retirada da sonda).
Na sonda vesical de demora, testar previamente o balão. Para a introdução deve-se ter o cuidado de evitar que ela encoste nos genitais, para isso enrole-a na mão predominante e a introduza na uretra até o seu final. Caso a sonda não chegue até a bexiga, haverá insuflação intra-uretral causando traumatismos. A sonda foley possui balão em sua extremidade podem ter capacidade máxima de expansão em 5 ml, 15 ml, 30 ml ou 45 ml. Usualmente, a equipe de enfermagem utiliza volume de 5 ml. Deve ser testado antes do procedimento.
Após a realização da introdução da sonda na uretra, deve-se aspirar o conteúdo anestésico de dentro da sonda por meio da seringa, para que a urina possa fluir livremente;
Em seguida, deve-se remover o campo fenestrado e fechar o coletor de urina (Caso seja a sonda de demora);
No caso da sonda foley, deve-se fixar a sonda sobre o abdome. Em homens, o pênis deve ser fixado também junto ao abdômen.
6 – Retirada da sonda
A retirada da sonda deve ser feita devagar e sem desconforto para o paciente. Para a retirada da sonda foley, deve-se esvaziar o balão com seringa. Caso haja queixa de dor, há a possibilidade que ainda tenha líquido no balão.
Se o líquido não sair com a aspiração, deve-se introduzir um guia de aço fino na via do balão (mandril de cateter uretral ou pode ser uma corda de violão) até o balão, para estourá-lo.
Após a remoção do balão atente-se para que o balão esteja íntegro (pode ter ficado vestígios dentro da bexiga).
Observações Importantes
Deve-se utilizar a sonda foley de número 16 ou 18 em adultos com retenção urinária ou 22 ou 24 em portadores de hematúria vesical.
A sonda foley possui balão em sua extremidade com capacidade máxima de expansão em 5 ml, 15 ml, 30 ml ou 45 ml. Usualmente, a equipe de enfermagem utiliza volume de 5 ml. Deve ser testado antes do procedimento.
As sondas de demora deverão ser trocadas a cada três semanas de modo a prevenir a formação de incrustação de cristais.
É recomendando também, evitar a elevação do coletor acima do púbis para evitar o refluxo de urina.
Nunca se deve clampear a sonda foley, pois as borrachas no tubo coletor poderão grudar diminuindo sua a luz e consequentemente, haverá dificuldade no esvaziamento da bexiga.
Complicações
A realização da sondagem vesical podem trazer algumas complicações tais como:
- Traumatismo uretral podendo ser acompanhada de dor;
- Instalação de infecção como a litíase urinária renal e vesical, uretrite, necrose peniana, prostatite, epidimite, divertículo uretral e periuroretrite;
- Instalação de câncer de bexiga com repetidos traumatismos.
Por isso se faz necessário realizar o procedimento observando a técnica correta.
Referências Bibliográficas
MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE; DEPARTAMENTO DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE; PROJETO DE PROFISSIONALIZAÇÃO DOS TRABALHADORES DA ÁREA DE ENFERMAGEM. Fundamentos de Enfermagem, Brasília, 2003.
ERCOLE, Flávia Falci Et Al. Revisão Integrativa: Evidências na Prática do Cateterismo Urinário Intermitente/demora. Revista Latino-Americana de Enfermagem, São Paulo, v.21, jan/fev. 2013. Disponível em <www.scielo.br>. Acesso em 21 de out. 2017.
MAZZO, Alessandra Et Al. Cateterismo Urinário: Facilidades e Dificuladades Relacionadas á sua Padronização. Texto e Contexto Enfermagem, v. 20, n.2, abr/jun 2011. Disponível em <http://gruposdepesquisa.eerp.usp.br>. Acesso em 21 de out. de 2017.
PASCHOAL, Mayara Renata Duarte; BOMFIM, Fernando Russo Costa. Infecção do Trato Urinário por Cateter Vesical de Demora. Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, Rio Claro, v. 16, n. 6, nov. 2012. . Disponível em <http://www.pgsskroton.com.br>. Acesso em 21 de out. de 2017.